conchas, rodas, ramos secos, utensílios,
coisas aparentemente desmembradas e soltas, que encontrava ao acaso em ferros-velhos...
ou apanhava do chão quando passeava,
entre vagos montões de sucata ou de lixo, e depois se transformavam
quando ele lhes encontrava na casa um local certo,
porque conhecia a sua identidade profunda, o rosto oculto que eles não revelavam tão
facilmente.
Deixava-as vir devagar à superfície de si próprias,
as suas mãos eram sempre pacientes com as coisas,
e também o olhar que descobre a sua intimidade e a partir delas as combinava, porque nem
todas se entendiam entre si,
era preciso estar atento às suas afinidades ou disparidades, mesmo às menos evidentes.
Mas ele tinha o segredo da harmonia.
Teolinda Gersão, in O Fio da Meada. Colecção Práticas Pedagógicas, 1989.
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